Mudanças previstas

Conheça (abaixo) algumas das propostas anunciadas pela prefeitura para o Ver-o-Peso no dia 03 de fevereiro, de acordo com os textos dos próprios slides, apresentados pelo arquiteto José Freire, da empresa DPJ Arquitetura e Engenharia.

Entre os pontos que mais chamam a atenção está a rotação dos blocos das barracas, que passam a ficar perpendiculares à Avenida Boulevard Castilho França, sinalizando uma grande alteração sobre o ordenamento atual da feira, especialmente dos setores que dependem do fluxo de pessoas nas ruas e paradas de ônibus, como o de lanches.

Contrariando o que tem sido alegado publicamente pelo prefeito em veículos de comunicação locais, como a reforma foi ainda pouco discutida com os feirantes, pesquisadores e a sociedade de modo geral, ainda não se sabe dos impactos que as mudanças devem gerar sobre as atividades tradicionais que caracterizam o Ver-o-Peso como patrimônio imaterial de Belém. Nesse sentido, a ausência de levantamentos sociológicos e antropológicos na proposta do governo municipal é outro ponto que chama a atenção.

Também estão previstas pelo projeto o rebaixamento da parte superior localizada junto à orla, forma encontrada para reduzir os constantes alagamentos em decorrência de mudanças na maré; as trocas da cobertura em lona por telha metálica termoacústica (“com vãos para a iluminação e a ventilação zenital”) e do piso (“de alta resistência sobre laje de concreto”, assim como a reconstrução dos sistemas de esgotamento sanitário, água e drenagem, entre outros.

Na fala de José Freire, disponível na página do Instituto de Arquitetos do Brasil – seção Pará no facebook, também fica evidente a tentativa de empregar uma racionalidade arquitetônica estritamente tecnicista a um lugar que obedece a outras lógicas de ordenamento, com as próprias relações cotidianas organizando o espaço, a exemplo da distribuição atual das barracas, que oferecem aos compradores os ingredientes necessários a cada um dos pratos da culinária regional. Ao lado do mercado do peixe, é possível encontrar a venda de temperos e limão; assim como a venda de peixes, camarões e carnes secos e salgados, fica próxima do setor de farinhas de todas as qualidades, entre os muitos exemplos possíveis de se encontrar por toda a área de influência do Ver-o-Peso.

Essa incompreensão sobre a forma de funcionamento da feira fica ainda mais evidente quando o projeto anuncia: “hoje, a comunicação visual da feira é insuficiente, uma vez que não possibilita o entendimento da localização do indivíduo dentro da mesma“. Ora, para além dos turistas que nunca estiveram no local, como podem os usuários, que frequentam o lugar há anos, senão décadas, não conhecerem a localização das barracas com as quais estabelecem relações que vão além da troca econômica imediata e impessoal?

 

Proposta
A proposta arquitetônica para a estrutura de cobertura da feira do Ver-o-Peso, partiu da ideia de apresentar uma solução ritmada que não se configurasse como uma grande cobertura plana, e sim faixas onduladas aliando as funções: cobrir, ventilar e iluminar.
A volumetria e a descontinuidade no ritmo entre faixas paralelas possibilita, além da proteção da cobertura a iluminação zenital para os dois lados e a ventilação cruzada nos diversos elementos.

Modulação
A proposta arquitetônica baseia-se na implantação de estrutura modular de 8×8 metros que abrigará de forma racional os equipamentos dos permissionários.
Espacialmente, esta modulação estrutural em perfis tubulares metálicos, apoiam uma estrutura leve no formato circular dos vãos cobertos, propiciando o ritmo proposto pela Arquitetura.
Veneziana comovente translúcida/ telha termoacústica/ estrutura tubular metálica.
Telha termoacústica reduz a sensação térmica/exaustão natural.
Esta solução permitirá ter-se em faixas de oito metros de largura, apoiadas em módulos estruturais de 8×8 metros, a iluminação e ventilação natural pelas laterais, possibilitando durante o dia a economia da energia elétrica e a devida exaustão.

Estrutura
A estrutura da cobertura proposta baseia-se em módulos de 8×8 metros. Este (sic) módulos com 4 pilares, sustentam uma estrutura de cobertura com perfis tubulares que acompanham e estruturam o ritmo das coberturas.
Utiliza aço estrutural USI-SAC 250 que tem como característica maior capacidade de resistência a intempéries, apoiado nas fundações profundas tipo estaca hélice.

Cobertura
Este tipo de cobertura apresenta também os seguintes benefícios:
– Possibilidade de isolamento térmico e acústico gerando uma redução de 15 a 40 decibéis e da ordem de 65% do calor externo;
– Resistência estrutural e durabilidade suportando impactos provenientes de quedas de objetos, granizo, inversão térmica;
– Capacidade de se adequar a diversas formas arquitetônicas em vários formatos e cores.

Equipamentos
Os equipamentos de apoio aos feirantes foram projetados de forma adequada à cada uma das atividades comerciais desenvolvidas na feira do Ver-o-Peso, sendo em alvenaria revestidos internamente com cerâmica para facilitar a limpeza e externamente pintadas em cores referentes a cada atividade.
As bancadas serão em granizo na cor cinza, piso interno em Korodur e o fechamento em lona de PVC.
A proposta é de 20 modelos de equipamentos diferentes e condizentes com cada atividade desenvolvida.

Programação visual
Hoje, a comunicação visual da feira é insuficiente, uma vez que não possibilita o entendimento da localização do indivíduo dentro da mesma.
Objetivando um melhor caminhar, a proposta demarca com 15 cores seus 15 setores, tanto através de pintura da alvenaria das barracas, quanto através das diversas placas, formando um degrade harmônico que dá vida e alegria ao complexo.

Acabamentos gerais
A pavimentação da feira será em piso de alta resistência sobe laje de concreto. Este material de fácil lavagem dificulta o acúmulo de sujeira.
A cobertura proposta é em telha metálica termoacústica tipo sanduíche com face superior ondulada e face interior lisa, representando o forro.
Quanto aos banheiros públicos foram propostas duas baterias de banheiros, uma feminina com 16 sanitários, sendo um para cada PCD e dois vestiários com chuveiros; e uma masculina com 14 sanitários, sendo um para PCD, 20 mictórios e dois vestiários com chuveiro.

Sistema de água
Novos sistemas de abastecimento de água, com base nas normas vigentes e da COSANPA.
Nova rede de distribuição de água, em malha, visando diminuir a diferença da pressão nominal de serviço entre os pontos de consumo, além da uniformidade na distribuição de água na feira.
Medidores individuais para cada barraca, as quais desta forma passam a ser uma unidade consumidora junto à CONSANPA.
Para atender os banheiros públicos, a limpeza da feira e o combate de incêndio está previsto um sistema com reservatório enterrado e tanques hidropneumáticos para a pressurização das instalações de água. A fonte de suprimento desta água são as águas de chuva e da concessionária (quando se fizer necessário em estiagens). As águas pluviais serão tratadas com a utilização de um reator ultravioleta tipo UVNat.

Sistema de esgoto
Para atender ao novo projeto de arquitetura, serão projetados novos sistemas de coleta, tratamento e destino final dos esgotos, conforme as normas vigentes da ABNT e COSANPA.
Para o projeto do sistema de esgotos das barracas onde as águas residuárias serão basicamente efluentes de pias, o sistema será composto de caixa de gordura, coletores, caixa de inspeção e o lançamento final.
Para os sanitários públicos os componentes do sistema serão: ramais de descargas, caixas sifonadas, caixas de inspeção, tanque séptico, filtro anaeróbico, desinfecção com raios ultravioleta e lançamento na drenagem.

Sistema de drenagem
A drenagem pluvial da cobertura será coletada por captores EPAMS e através de colunas verticais e coletores horizontais de ferro fundido da linha predial SMU, de acordo com a Norma ABNT NBR 15.579, ficando armazenada num reservatório de concreto de duas câmaras com 72.160,00 litros de volume cada, para os usos anteriormente citados (banheiros e incêndios).
Para a drenagem superficial foram dimensionadas galerias tendo como base as áreas de contribuição referentes ao espaço da feira. O traçado destas galerias foi considerado de maneira a possibilitar a drenagem das águas de escoamento das vias, aproveitando de forma adequada o escoamento das sarjetas.

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